Desperdiçamos, por consequência, tempo e energias preciosas, obcecados
com os eventos do porvir, sobre os quais não temos qualquer tipo de comando,
pois olvidamos que tudo que podemos e devemos dirigir é somente nossas próprias
vidas.
São realmente diversas as preocupações sobre as quais não temos nenhum
controle: a doença dos outros, a alegria dos filhos, o amor das pessoas, o
julgamento alheio sobre nós, a morte de familiares e outras tantas. Podemos,
porém, nos “pré-ocupar” o quanto quisermos com essas questões, que não traremos
a saúde, a felicidade, o amor, a consideração ou mesmo o retorno à vida,
porque todas elas são coisas que fogem às nossas possibilidades.
Outra questão é quando passamos por enormes desequilíbrios causados
pelo desgaste emocional de nos ocuparmos antes do tempo certo com coisas e
pessoas, o que ocasiona insônias, decepções e angústias pelo temor antecipado
do que poderá vir a acontecer no amanhã.
Não confundamos “pré-ocupação” com “previdência”, porque se preparar ou
ser precavido para realizar planos para dias vindouros é tino de bom senso e
lógica; mas prudência não é preocupação, porque enquanto uma é sensata e
moderada, a outra é irracional e tolhe o indivíduo, prejudicando-o nos seus
projetos e empreendimentos do hoje.
Nossa educação social estimula o vício do “pensamento preocupante”,
principalmente no convívio familiar, onde teve início o fato de relacionarmos
preocupação com “dar proteção”.
Passamos a nos comportar afirmando: “Lógico que eu me preocupo com
você, eu o amo”, “Você tem que se preocupar com seus pais”, “Quem tem filhos
vive em constante preocupação”.
Pensamos que estamos defendendo e auxiliando os entes queridos, quando
na verdade estamos confinando-os e prejudicando-os por transmitir-lhes, às
vezes, de modo imperceptível, medo, insegurança e pensamentos catastróficos.
“Não estejais inquietos pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo.
A cada dia, basta seu mal”.
O Criador provê suas criaturas como necessário, porquanto seria
impossível a Natureza criar em nós uma necessidade sem nos dar meios para
supri-la. “Vede os pássaros do céu, vede os lírios dos campos”.
Além do mais, pedia-nos que fizéssemos observações de como a vida se
comporta e que deixássemos de nos “pré-ocupar”, convidando-nos a olhar para
nossa criação divina que a todos acolhe.
O Mestre queria dizer com essas afirmativas que tudo o que vemos tem
ligação conosco e com todas as partes do Universo e que somos, em realidade,
participantes de uma Natureza comum. As mesmas causas que cooperam para o
benefício de uns cooperam da mesma forma para o de outros. Quando há confiança,
existe fé; e é essa fé que abre o fluxo divino para a manutenção e
prosperidade de nossa existência, dando-nos juntamente a proteção que buscamos
em todos os níveis de nossa vida.
Espírito de Hammed
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