segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Tatuagens e os piercings

Um terapeuta chines em seus atendimentos na clinica, quando uma pessoa traz tatuagens ou objetos que perfuram/ofendem o corpo, nestas áreas sempre existem uma fumaça preta no local feito morrer e e denso que na hora da limpeza encaminhatória, eu sempre visualizo e explico a tatuagens e os piercings atuam dessa mesma maneira! Rasuram, borram ou alteram o mapa do fluxo da energia sutil que circunda e abastece nossos corpos no, por isso na maioria das vezes, podem criar alterações tão significativas que são capazes de gerar desequilíbrio nos aspectos físicos, emocionais, mentais e espirituais do indivíduo. Se aprofundarmos o estudo, veremos que o que ocorre no corpo físico de uma pessoa, reflete nos campos energéticos (aura) e vice-versa.


O VALE DOS TATUADOS
Texto extraído do livro “Mais Além do Meu Olhar” do Luiz Sérgio

Hilário pediu que o grupo parasse e fez uma bela prece. Confesso que estava sentindo frio, pois o lugar foi ficando cada vez mais pavoroso, muito estranho. O vento soprava forte. Josué parou, pois dois homens se aproxi­maram de nós e nos cumprimentaram. Josué e Jessé conversaram bastante com eles e só depois Jessé convidou-nos a prosseguir viagem, tendo à frente aqueles dois homens enormes, quase gigantes.

— Quem são eles? perguntei a Juanito.

— Os guardiões do Vale dos Tatuados.

— Quê? Vale dos Tatuados?!

— Sim, estamo-nos dirigindo para lá.

—Agora é que a coisa vai esquentar! — falei.

Todos me olharam. Abaixei os olhos e continuei andando. Quando nos aproximamos daquele estranho lugar, pareceu-me que não havia pesso­as, porém os dois guardas empurraram uma parede rochosa, que se abriu. Com espanto, percebemos que era uma gruta, com pouca luminosidade. Muitos ali cantavam estranhas canções e o odor era terrível. Pensei: “este é o inferno tão falado no mundo físico”.

—Aqui é o Vale dos Tatuados? perguntei.
— Sim, aqui é o vale deles
—Jessé, mas existe tatuado boa gente. Mesmo assim ele vem para cá?
— Não. Aqui se encontram os comprometidos. Porém, todos aqueles que estragaram sua roupa perispiritual terão de pagar ceitil por ceitil.

— Como assim? Pode explicar?

— O perispírito é a veste do Espírito e o corpo de carne é a veste do perispírito, quando o homem está encarnado. Se agredimos o corpo fisico, o perispírito é agredido. Olhe aquele grupo ali: seus componentes tatuaram todo o corpo; corpo e perispírito foram agredidos.

— E por que eles vieram parar aqui, Jessé?

—Eles se agrupam, fugindo das criaturas normais. Querem chocar a sociedade.

Das tatuagens daquelas estranhas figuras safa uma fumaça escura, que muito os incomodava.

— Gostaria tanto de falar com um deles!

Jessé aproximou-se de um dos guardas, chamado Gitará, e falou do meu desejo. Então, ele me chamou com o olhar. Aproximamo-nos e ele foi passando pelos grupos, que gritavam, cantavam e davam risadas, porém olhavam-no com respeito. Ele nos levou até um tatuado que, deitado sobre um tapete, soltava baforadas de fumaça. Ele continuou como estava. O guar­da lhe falou algo e ele se levantou, aproximando-se de mim.

—Que deseja, baixinho? Enturmar-se a nós, os “vampiros da corte”?

— Não, amigo, queremos apenas perguntar por que vocês vieram parar aqui. Não queremos acreditar que os tatuados tenham um lugar espe­cffico.

— Não, claro que não. Somos livres para ir a qualquer lugar, do infer­no ao céu, porém aqui não somos incomodados, a não ser pelos guardas do cordeiro. Mas até que eles são valiosos, pois trazem comida e levam os debilitados para os hospitais.

— Quando vocês desencarnaram, arrependeram-se de ter acabado com a pele do corpo físico? Vimos que o irmão está todo tatuado.

Ele olhou o seu corpo e falou:

— Curti, certo? E continuarei curtindo as pinturas feitas na minha pele, mesmo que hoje elas me queimem o Espírito.

— Como? Queimam seu Espírito?

— Claro, seu trouxa. Aí é que mora todo o mal. Dizem os filhos do Homem que nós agredimos o nosso perispírito e só fazendo boas ações
veremos apagadas todas essas estampas. Assim dizem eles — falou, dando
— Será que hoje, conversando com você, baixinho, não vou ter uma parte das minhas tatuagens apagada, da qual eu gostaria de me livrar de vez?
Nada respondi.

Ojovem mostrou-me uma tatuagem de Jesus, com um lenço amarra­do na boca.

— Por que o Cristo está de mordaça? perguntei.

— Para não me converter — falou, dando gostosas gargalhadas.

— Você vai ao plano físico?

— Claro, e gosto por demais de ficar intuindo os caras que fazem tatuagens, para que sejam mais criativos, pois nada mais careta do que tatuador
sem criatividade.

Reparei como havia mulheres naquele lugar, e jovens, bem jovens,
como corpo todo marcado. Aquele Espírito parecia estar gostando de con­versar conosco e falou que adorou se tatuar, porém, não suportava piercings:

—Esses, sim, acho uma agressão ao meu corpo. Olhe aquele ali: morreu comum câncer na língua, tantos piercings colocou nela.

— Irmão, você não pretende sair daqui?


— Eu saio. Vivo na Crosta com a turma da pesada. Mas você fala em deixar este lugar de vez? Não, não desejo. Porém, se os filhos do Homem nos expulsarem daqui, sairemos sem guerra, somos da paz.

— Valeu tatuar-se todo?

Ele mordeu os lábios e respondeu:

— Não sei se valeu.

— Pode me responder mais uma pergunta?

Ele riu.

— Como posso dizer não, se você é um deles?

— Como “um deles”?

— Os meninos do cordeiro, os Raiozinhos de Sol.

—Você conhece os Raiozinhos?

— Claro, são eles que tiram daqui os caretas, os chorões.

— E assim mesmo você gosta deles?

— Gostar? Você está doido? Não gostamos de ninguém, nem de nós mesmos.

— Como vocês vêm para cá?

— Andando!... Não temos asas!...

— Você se arrepende de ter-se tatuado?

— Não. Pena que não pude tatuar a minha alma. Se pudesse, com certeza o faria.
— O que leva alguém a tatuar o corpo inteiro, como você fez?
— Não sei. Acho que somos influenciados pelos trevosos, os chefões deste vale.
Só nesta hora notei um olhar de tristeza nesse Espírito. Desejei abraça- lo, porém ele me jogou no chão e saiu rindo. O guarda levantou-me e me juntei ao grupo.

Ainda caminhamos por aquele estranho lugar, onde Espíritos viviam
como se ainda fossem encarnados. Andavam em bandos, maltrapilhos, sujos
e despenteados.

— Eles têm o que comer neste vale? perguntei ao guarda.

— Aqui é uma cidade.

— A cidade dos tatuados, com hospital, escola, e até indústria?

— Não. As cidades trevosas são vales sem luz, sem água, sem esgoto. Nelas, o Espírito vive como se fosse animal.

— Mas eles apenas se tatuaram!...

— Será, Luiz, que eles só pintaram o perispírito, ou também deixaram de realizar a tarefa que tinham como encarnados?

— Notamos que aqui não há Espíritos com pequenas tatuagens, quase todos as têm no corpo inteiro. Confesso que não entendi o porquê desse
lugar existir.

— Este lugar, como outros, é escolhido de acordo com a vibração do Espírito.

Lílian, apavorada, apertou-me o braço. Olhei para o que a assustara tanto e divisei várias mulheres com piercings nos lugares mais estranhos, nos mostrando e dando gargalhadas. Fiz continência e elas colocaram a língua para nós, se podemos assim chamar, pois caíam até o peito, tão pesadas de adornos.

— Jessé, isso aqui é pior do que todos os umbrais que conhecemos.
Ele sorriu. E, assim, fomos saindo. Quando já estávamos quase na porta, uma jovem segurou minhas pernas e implorou:


— Limpe, moço, limpe do meu corpo perispiritual isto aqui.

Olhei-a e vi a figura de satanás batendo no Cristo.

— Por que você fez isso? perguntei, chocado com aquela visão.

— Para chamar a atenção. Depois dessa tatuagem, ganhei a liderança do grupo. Apague-a, filho do cordeiro, apague-a, pelo amor de Deus!

Camélia aproximou-se e falou:

— Você deseja ser ajudada?

— É o que mais quero. Ajude-me, estou farta disso tudo.

— Está bem, acompanhe-me.

Desejei ir junto, porém fui barrado pelo guarda. Camélia e a jovem misturaram-se aos outros, depois não as vimos mais. Só quando já estáva­mos fora dali Camélia juntou-se a nós.

— E a jovem, não veio?

— Não, Luiz, ela ficou no hospital.

— Hospital de onde? Existe hospital aqui?

— Sim, nas proximidades, e presta auxílio quando querem ser ajuda. dos. Porém, difícil é desejarem.

— Será que algum dia isso vai acabar?

— Sim, com a regeneração da Terra.

— Será que não existe um meio de conter o desequilíbrio de alguns jovens, com palestras, conselhos, enfim, fazer algo por eles?

— Irmão, a família é que tem de se fortalecer. Entretanto, existem muitas mães de família que acham linda a tatuagem.

Recitei a passagem de Levítico, 19.28:

Não vos façais incisões no corpo (...), nem marcas de tatuagem. (...).

— Quantos ensinamentos a Bíblia contém e como são atuais seus es­critos! O que seria bom era surgir um alerta para o malefício da tatuagem.
— Luiz, se até hoje encontramos quem defenda o tóxico, imagine as tatuagens, que muitos julgam inofensivas!
Naquele lugar deparamos com criaturas as mais estranhas; aquelas
que, levadas por modismos, tentaram agredir a sociedade. A tatuagem, que antes era usada somente por presidiários, hoje é modismo. Quanto aos piercings, encontramos jovens com a boca repleta deles, coisa de causar espanto.

Nesse momento, Jessé mostrou-nos uma menina com vários deles, até
nos órgãos genitais. Um espanto! Não resistindo, aproximei-me dela:

— Oi, como vai você?
— Bom demais, com certeza. Legal, muito legal.
— Quantos anos a jovem tem?
— Quatorze anos — respondeu rapidamente.
— Qual foi a causa do seu desencane?
— Abusei um pouco mais da branquinha e morri de overdose. Mas não acho ruim, estou numa boa, nada mudou.
— Nada mudou? Mas a menina está desencarnada!
— Não, não, eu não morri. Faço tudo o que sempre fiz. Só que ainda sinto muita falta de ar, mas deixe pra lá.
O que você faz aqui, seu jeca?
— Jeca, eu?!
Ela riu.
— Não deseja sair daqui?
— Eu não, adoro este lugar.
— Você conhece as colônias redentoras?
— Não, nem quero conhecê-las, lá é que ficam os santos.
— Não, nelas é que existe a vida verdadeira.
— Como você é beato!
Sou crente em Deus.
Deus? Por falar nele, onde ele mora?

— Aqui — falei, batendo no peito.
— Trouxa! Você é um trouxa!

Nisso, Hilário chamou-me, mas a jovem, segurando meu braço, con­vidou:

— Venha comigo. Quero levá-lo até nosso campo de divertimento.

— Está bem, eu vou. Porém, depois você vai-me acompanhar tam­bém?

— Para onde?
— Para um hospital de almas sofridas.
— Almas sofridas? Engana-se, sou feliz, muito feliz.
Hilário, aproximando-se, falou:
A
— Luiz, o grupo nos espera.
A jovem Sanilra respondeu:
Deixe o cara, vou levá-lo para um de nossos embalos.

Olhei suplicante para Hilário, porém ele sacudiu a cabeça, dizendo:
—Vá.
E num instante a jovem enlaçou-me o pescoço, sem cerimônia.
— Podemos ir juntos? perguntou Lílian.
— Vocês são namorados?
— Não, somos irmãos.

Ela sorriu.

— Se são irmãos, ótimo, então vamos!

Hilário, Josué e Jessé nos acompanhavam de longe. Samira chamou mais duas garotas muito estranhas: cabelos bem curtos, quase pelados. Ti­nham piercings no couro cabeludo, na orelha, na língua, na mama, enfim, gente muito estranha. Eu me encontrava meio assustado, quando ouvi Josué alertar-me mentalmente: “Cuidado, não se envolva muito”.

Segurei o braço de Lílian, como querendo protegê-la. Ela sorriu.
— Calma, Luiz Sérgio, você está com medo?
— Não, boneca, estou apreensivo. Já imaginou o que nos espera?
— Não estou preocupada, o grupo está conosco.

— Sabidinha, hem?

Sim, Lílian tinha razão, o grupo estava ao nosso lado, mesmo sem ser visto pelas meninas.O lugar exalava um odor horrível, pavoroso. De longe dava para ouvir a música estridente. Havia momentos em que julgávamos que ela estava dentro dos nossos ouvidos, tão alta era tocada.

A casa, ou clube, era pequeno, repleto de panos roxos e amarelos, caindo do teto. Havia muito brilho. Era uma pequena boate. O grupo que tocava era bastante estranho e usava instrumentos bem diferentes daqueles por nós conhecidos. Acreditamos que logo os doidões estarão com eles no plano físico. Cantavam e rolavam pelo chão, uma cena muito triste.
Na hora em que perceberam nossa entrada, o mais velho dos cantores
parou e, aproximando-se, perguntou a Sarnira:
— Quem são eles?

—Uns amigos que encontrei no caminho.
— Cuidado, não traga para cá aves de rapina.
— Jabá, vá com calma, ele é do bem.
— Não é isso, sua tola. Os bonzinhos estão no pedaço e cada vez que isso acontece parte daqui muita gente, e eu não quero perdê-la — falou, abraçando-a.

Nisso, os dois iniciaram uma dança, se é que podemos chamar aquilo de dança, o que me levou apensar: “quando os jovens inventam cada dança, cada música, são esses espíritos inferiores que poluem nossos olhos e nossos ouvidos”.

Os dois se retorciam pelo chão e do teto descia uma fumaça vermelha, que nos parecia molhada. Os outros assemelhavam-se a doentes ainda dro­gados. Nisso, Jessé me falou:
— Luiz, dê um jeito de olhar para os lados e ver se existe alguém
precisando de auxílio,

Lílian e eu percorremos com os olhos todos os recantos do salão e qual não foi nossa surpresa: vários meninos nos estenderam as mãos, como se pedissem para sair dali. Só então percebemos que o chão da boate era gelatinoso, como se fosse uma mousse de morango, e eles adoravam rodopiar nela.

— Lílian, que é isso?

Jessé, mentalmente, respondeu-nos:

“Nada, apenas a vibração do vale, concentrada neste local”.

A espécie de gelatina era quente e se aquecia mais ainda à medida que o co] o medo e o pavor desejavam tomar conta do meu Espírito. Era um lugar pavoroso. Acredito que, se existe inferno, ali é um deles.

Logo depois de dançar, Jabá esbofeteou a jovem Samira e as suas colegas. Nisso, Hilário interpôs-se entre eles e empurrou a menina para fora, aproveitando um dos momentos de total escuridão. Recebemos ordem para dali sairmos, e com que alegria o fizemos! Ganhamos estrada sem olhar para trás e Samira logo foi magnetizada para não perceber a operação resgate.

Tomamos uma direção onde quase não havia espíritos andando. Samira, envolvida por Hilário e Josué, tomara-se quase invisível naquela rua repleta de neblina. Em um momento, porém, começou a gritar, quando percebeu que estava sendo levada para fora daquele lugar tenebroso. Aproximei-me dela e falei:

— Calma, querida, agora você vai encontrar a paz. Ninguém mais irá Estamos ao lado dos filhos de Deus.
— Bem que eu disse que você era um beato.
— Engana-se, olhe-nos como alguém que muito precisa de Deus.

Ela baixou a cabeça e começou a chorar.

A cidade foi ficando para trás com o seu nevoeiro. Até ali não sabia-
se Samira estava feliz ou triste, mas nada nos importava, só queríamos
aquela menina daquele lugar trevoso.

O grupo foi tomando-se visível. Encabulada, ela tentava se tampar mas era uma operação quase impossível, pois estava praticamente nua.

— Samira, conte-nos como você se iniciou na droga e adentrou esse inundo de orgia.
— Qual é o seu nome, jacu?
— Chamo-me Luiz Sérgio, às suas ordens.

—Quando ainda não tinha morrido, adorava aproveitar a vida. Desde o colegial, eu já buscava sensações fortes, todas as festas da pesada eram organizadas por mim e daí o passo para a dependência foi rápido. Nesse mundo da droga e do sexo eu me vi rainha, era a preferida dos chefes. Isso não me assustava, ao contrário, fazia de mim uma deusa.

— Isso não é possível, Samira, você estava vivendo no mais baixo Umbral.
— Que me importa? Nunca amei nem fui amada.
— E seus pais?
— Minha mãe é uma cocota, nada enxerga ao seu redor, só sabe namorar. Minha irmã é uma pessoa egoísta, tomou tudo o que era meu. Des­de que nasceu me roubou o carinho dos meus pais. Ela adorava o meu fra­casso.

Aquela criança me fez pensar: “como é triste um órfão de pais vivos”!
— Seu pai não se preocupou com você, Samira?
— Ele nem sabia que eu existia. Só sabe ganhar dinheiro. Minha mãe é rato de shopping, vive querendo comprar o que o tempo cada vez mais lhe tira: a mocidade. Enquanto isso, eu vivia jogada, mas não de solidão, até encontrar meu companheiro. Só que ele é louco e não sabe medir as coisas da vida. Mas um dia ele chega lá, tenho certeza. Mas, por que me trouxe?
— Porque nós amamos você.
— Pare com isso, sinto muito, mas não acredito em amor.
— Como não acredita, se há pouco falava do seu grande amor?
— Tolice...

Já estávamos saindo quando um vento forte soprou, quase nos derrubou, e Josué, muito atento, fez com que nada nos acontecesse, porém Samira caiu no chão e foi rolando, em espantosa velocidade. Tentamos segura-­la, mas eu, Luiz Sérgio, era levado junto. Nisso, um clarão se fez e Samira voltou para junto de nós, trazida pela rede dos lanceiros. Ela estava apavora­da.

— Ajude-me, não me deixe sozinha com eles! Se Deus existe, peça por mim! Você, beato, ajude-me!

Segurei sua mão e orei:

— Senhor, tenha piedade de todos nós, seres pecadores. Ajude-nos, agora e sempre, para que possamos encontrar o estreito caminho da perfei­ção. Se nossos pés cansados se encontram, faça com que a fé nos eleve até Deus, nosso Pai amado. Não nos deixe enleados nas nossas fraquezas, para não conhecermos o fracasso. Ajude-nos, Jesus, a dar, nem que seja um pas­so apenas, em Sua direção. Agora imploramos não somente pela irmã, mas por todos os que distantes se encontram do Seu estreito caminho, que nos
leva à salvação. Ajude-nos, Jesus:

Samira encontrava-se abraçada comigo. Seu corpo trêmulo balança­va, como se fosse voar. Não sei com que força, mas segurei-a bem forte, até que Jessé a envolveu com sua capa de proteção. Nisso, aproximou-se Enaré, que ficou conversando com Josué e este tomou nova direção, pedindo que não olhássemos para trás, o que fez com que morrêssemos de curiosidade para saber o que estava acontecendo. Aí, então, ouvimos gritos de xingamento
—eram os trevosos que queriam Samira, só que não nos conseguiam alcan­çar. Esse martírio demorou muito e quando ficamos livres deles foi um alívio. Samira, beijando a mão de Josué, falou:
— Não sei quem o senhor é, mas muito obrigada por ter-me salvado.

— Irmã, Deus espera por nós e nada deve retardar esse encontro. Devemos estar sempre atentos para não deixar passar a oportunidade de
chegar até Ele.
— Luiz, ninguém imagina o que sejam esses locais de sofrimento —falou Juanito.
O vale foi ficando para trás, mas aquela música era tão forte em nos­sos ouvidos que demorou a nos livrarmos dela. Logo o ar foi ficando menos pesado. Até o chão nos pareceu ficar macio, pois ia surgindo uma hera ama­relada. Depois, descortinou-se à nossa frente um campo verde e florido.

Nossa irmã Samira, deitada, parecia dormir. Fomos abordados por dois guar­das, Emerenciano e Deodoro, com quem Hilário conversou muito, só depois foi permitida nossa entrada no local, por sinal lindo, repleto de flores.

— Como podem nascer flores no Umbral? perguntei a Camélia.
— Muito simples: na Terra também não nascem?
— É diferente, assim penso eu.
— Não, não é diferente. Deus manifesta-Se em qualquer lugar.

Fomos recebidos por Emmy, uma irmã que falava com forte sotaque ale­mão. Sorridente, cumprimentou-nos e guiou Samira para uma das alas daquele
Pequeno hospital. Empédocles um médico, aproximou-se, aproximou-se ,dizendo-lhe:

— Seja bem-vinda — e, olhando para o grupo, continuou: — Espero que todos encontrem descanso em nosso hospital. Sejam bem-vindos.

Creio que nosso médico Juanito já conhecia Empédocles, pois este o
enlaçou pelo ombro e falou:

— Trouxe-nos outros doentes?
— Não, somente esta menina. Está cada vez mais difícil tirá-los de lá. Por que pergunta?
— Os doentes não desejam ajuda. Como podem gostar daquele lugar pavoroso?
— Para nós — falou Jessé. — Para eles, é a continuação das orgias do mundo fisico.

—O irmão tem razão. Muitos encarnados são os culpados dos sofri­mentos que hoje tomam conta do Planeta. O sexo livre está levando a juven­tude ao delírio; nada se vê além do corpo e este, por não ser eterno, não suporta as agressões sofridas. As mulheres, em busca da igualdade de direi. tos, estão esquecendo os seus deveres e cada vez mais vemos tombaremos valores morais, e a mulher voltando a ser apenas um objeto sem valor. O vício se alastra, os dependentes químicos aumentam a cada dia, o álcool inferniza a vida nos lares, e os jovens cada vez mais o consomem. Causa-nos tristeza presenciar crianças já viciadas em álcool e os pais achando natural, pois julgam que apenas uma latinha de cerveja mal algum faz ao homem, Porém, aquele que bebe um copo de cerveja dali vai mais além, e o mais além pode levá-lo a um acidente de automóvel, a uma agressão à esposa, à namorada, ao amigo. Enfim, álcool é álcool e homem e álcool são coisas que não combinam, porque o homem foi criado por Deus para viver em equilí­brio. Ninguém fica equilibrado com álcool no organismo. Se não fizerem uma campanha em prol da família, ela vai sofrer as conseqüências do modernismo que hoje se alastra no Planeta. Em vários países é comum encontrar criança alcoolizada.

— Irmão Empédocles, que deve fazer um pai de família para que seus filhos não abusem do álcool?

— É chegada a hora de começarmos a valorizar os ensinamentos do Mestre. Estamos quase entrando no terceiro milênio, tenhamos em mente que Deus criou o homem para ser bom e digno. E ninguém é bom nem digno senão respeita as leis de Deus. O homem do novo milênio tem de mudar de atitude, se até agora só quis aproveitar a vida. A hora é chegada, hoje é o momento de acabarmos com os vícios, com as maluquices, com a falta de dignidade, só assim iremos mudar as características do nosso Planeta, sendo nós também os construtores de um mundo de regeneração. Hoje a criança começa no lar a se distanciar de Deus. Desde pequena ela é entregue ao mundo do consumismo, dos vícios, da falta de dignidade. A criança está perdendo a inocência muito cedo e depois que a vida violenta sem piedade a pureza das crianças, o mundo ao seu redor vira um inferno.

— Irmão, qual a finalidade deste hospital? perguntou Lílian.
— Ele recebe os doentes arrependidos que daqui, já recuperados, partem para novos aprendizados.
—Podemos assistir ao tratamento de um dos umbralinos? perguntei.
Ele, sorrindo, respondeu:
— De um umbralino, não, de um irmão doente.
— Desculpe-me, é meu modo de falar.
Mandou-nos acompanhá-lo, o que fizemos prontamente.

Texto extraído do livro “Mais Além do Meu Olhar” do Luiz Sérgio, publicado por Claudio L Porto

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