RAMATÍS: - Deus é imanente e onipresente.
Em tudo está e tudo vê. Essas convicções interiores são decorrência de milênios
de exposição aos dogmas religiosos. O atavismo que se criou no inconsciente, de
um Deus exteriorizado, antropomorfo, personificado à imagem e semelhança dos
terrícolas, serviu sob vários aspectos como instrumento importante utilizado
pelos sacerdotes como maneira de aproximar a Divindade dos fiéis algo toscos e
ignorantes daquela época para as conceituações mais abstratas. Mas também se
"apropriou" da Divindade, infantilizando os homens, porque lhes foi
arrancada a prerrogativa interior de adoração, pois Deus está em cada um e em
todos ao mesmo tempo. As igrejas cristãs, os templos maçônicos e rosa-cruzes,
as sinagogas judaicas, os centros espíritas, as lojas teosóficas, os terreiros
umbandistas, a choupana da benzedeira, a praça da cigana, o tabernáculo dos
peregrinos, a caverna do eremita, o Horta das Oliveiras de Jesus, enfim, todas
as localidades de expressão da fé são meras auxiliares nessa procura. O
verdadeiro encontro com Deus está na edificação íntima de cada um, e a solidez
da construção depende das ferramentas utilizadas pelo obreiro no burilar de sua
índole, qual esmeril que dá polimento para a pedra bruta que se transformará em
precioso diamante.
RAMATÍS: - Não devereis acreditar em algo
que não seja aceito por vossa razão. O fato de não acreditardes em Deus,
rejeitando-O, não quer dizer que Deus não exista. Mesmo não O aceitando,
continuareis sujeitos aos desígnios traçados pela Divindade. Olhai a vossa
volta e percebei quanto vos oferece esse Deus ainda incompreendido. Achais que
é um acaso da natureza esse corpo que ocupais? Entendeis como sendo
coincidência o planeta que habitais? Aceitais à luz de vossa razão o fim após o
desaparecimento e desenlace do frágil invólucro carnal? Qual o sentido da vida
no breve instante de uma existência na matéria? Não tenhais como conjectura
aquilo que não está restrito aos vossos sentidos e não recuseis o que
aparentemente não podeis ver, ouvir ou sentir.
....
por Ramatis no livro "Samadhi"
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